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O que é o Âmbar do Báltico?

Ele provém dos arbustos de pinheiros de regiões de climas temperados e leguminosas de campos subtropicais, que se erguiam sobre o solo há milhões de anos e liberavam uma matéria viscosa e pegajosa ao toque, conhecida como resina. A resina é constituída por diversos líquidos, como óleos, ácidos e álcoois, bem como por substâncias aromáticas, numa mistura de componentes essencialmente constituída pelos elementos carbono, oxigênio e hidrogênio. Este elemento antisséptico tem uma utilidade, a de evitar a invasão de bactérias e insetos na madeira destas árvores. Aos poucos a resina teve os líquidos e o ar que a compunham eliminados, o que provocou o processo denominado polimerização (uma das formas de fossilização) de seu material orgânico; se tornando assim, mais rígida e se convertendo no que hoje é considerada a substância mineral conhecida como ÂMBAR. Palavra que vem provavelmente do árabe al-anbar, que significa “dourado”.

O âmbar do Báltico, o único que tem em sua composição o ácido succínico é, portanto, o fóssil de resina de árvores que viveram no norte da Europa, na região onde hoje se situa o Mar Báltico. É um mineralóide de origem orgânica, heterogêneo (amorfo) na sua composição, podendo ser translúcido ou opaco, além de possuir centenas de tonalidades.

Estudos da medicina moderna afirmam que o ácido succínico estimula o sistema nervoso, alivia a dor, promove rápida cicatrização, estimula o sistema imunológico e melhora a atividade metabólica. Por isso, quando o âmbar do Báltico está em contato com a pele, o calor do corpo ajuda a liberar quantidades minúsculas desse ácido, o levanto à corrente sanguínea, gerando assim, inúmeros benefícios, dentre os mais notórios o analgésico e anti-inflamatório. Uma curiosidade muito interessante do âmbar é que numerosas espécies e generos de plantas e animais foram descobertos e descritos cientificamente a partir do âmbar do Báltico, visto que este tipo de âmbar inclui a mais rica fauna fóssil de insectos (em espécies) descobertas até hoje. Além de insetos, o âmbar pode conter restos de vegetais, bolhas de ar e pirita. Gemas desse tipo são muito visados como peça de museu, por seu valor científico e colecionável.

O âmbar do Báltico é conhecido desde o início da humanidade, pois já na Idade da Pedra era objeto de adoração, atribuindo-lhe propriedades sobrenaturais. Durante milênios, muitos mistérios tomaram conta da imaginação de curiosos, místicos e apaixonados pela beleza da natureza. O homem se deixou encantar pelas fascinantes qualidades do âmbar. Na antiguidade era utilizado para afastar espíritos maléficos e atrair os benéficos. O âmbar era visto como sobrenatural entre os povos antigos do Báltico, amuletos e talismãs feitos de âmbar, esculpidos em diferentes formatos, eram usados para proteção física na guerra, evitar acidentes, doenças ou mau olhado. Ginteras, antiga palavra lituana que significa defensor ou protetor, era o nome dado a esses talismãs, que eram usados ao redor do pescoço. As mulheres que coletavam madeira às margens do mar Báltico descobriram que as “pedras do mar”, que flutuavam nas águas e eram atiradas à praia, queimavam mais facilmente que a lenha e possuíam um suave aroma. Característica também aproveitada por nobres chineses, que queimavam valiosos pedaços de âmbar do Báltico para perfumarem os seus aposentos. Além de acreditarem que o âmbar era a alma de um tigre morto. Possuindo assim, grande poder de proteção, especialmente para as crianças. E de permitir ao corpo que cure a si mesmo, eliminando doenças das partes afetadas e purificando o coração e o espírito. O âmbar é o símbolo Celta do deus do sol. É a pedra sagrada da deusa mãe. É o resíduo das lágrimas da deusa Jurate, a senhora do Mar, que vivia em um castelo de âmbar nas profundezas do Mar Báltico. Sociedades de caçadores neolíticos enterravam seus mortos junto com peças funerárias feitas de âmbar, para que o espírito encontrasse seu caminho de forma rápida e segura durante a última jornada.

Os Gregos Antigos descobriram uma característica estranha e fundamental do âmbar: Quando é esfregado com uma lã, ele pode atrair pequenos pedaços próximos de palha ou papel. Assim, da palavra latina para âmbar, “electrum”, originou-se a palavra “eletricidade”.

Para romanos uma pequena peça de âmbar era consideravelmente mais valiosa do que um escravo. O caminho que o âmbar seguia até os territórios romanos ficou conhecido como “A Rota do Âmbar”. E peças desse precioso material foram encontradas na Grécia, Egito e Assíria. A tribo lituana dos Kurshes dominava este comércio; milhares de moedas romanas de prata e cobre foram descobertas em seu território, como também nos territórios de outras tribos da região do mar Báltico.

O uso do âmbar era tão valorizado em rosários que nos séculos XIII e XIV muitas ordens o proibiram, por ser uma demonstração de opulência, contrária aos seus preceitos de humildade.

O Âmbar do Báltico é a única pedra que é morna ao toque; é macia (dureza de 2 a 3 na escala de Mohs, semelhante à das unhas), podendo ser esculpida com uma simples faca; a única que estala, cheia de eletricidade, como se estivesse viva, quando esfregada contra uma roupa de pele; a única que flutua em água saturada com sal comum, sendo ligeiramente mais pesada que a água (densidade relativa de 1.05 a 1.10).

Cada gema carrega consigo as emoções da própria Terra e é a essência da natureza que abrigou o homem desde o seu começo. O âmbar do Báltico é o divino tornado tangível, a pedra que queima e acalenta os desejos do homem. O mais simples pedaço de âmbar adquire nova dimensão quando tomamos consciência de que vaga pela Terra a mais de 50 milhões de anos. Quanta história não viveu! Quantos povos conheceu! Quantas civilizações viu surgir, florescer e enfim, desaparecer! Assírios, Babilônicos, Egípcios, Gregos, Romanos… Quantas aventuras até chegar às nossas mãos.

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